Vida

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"Nossa capacidade de amar é limitada, e o amor infinito; este é o drama. Carlos Drummond de Andrade"

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

SOLIDARIEDADE



Hoje, na fila do banco observando todas as aquelas pessoas apressadas, chateadas pela demora do atendimento, vi um jovem tomar a frente de um Senhor sem se importar com as pessoas que lhe observavam e muito menos com aquele homem de idade avantajada e cabelos brancos. Ao ser questionado a respeito de seu ato o Jovem disse: - A fila preferencial não é essa, o Senhor deve ir para a fila dos idosos. O velho que já tanto batalhou na vida, não questionou o posicionamento do jovem e com os olhos falhos procurou pela fila que lhe foi indicada com tanta grosseria. O mais interessante nisso tudo foi que as pessoas em volta não se indignaram e chegaram a concorda com aquele moço tão convicto de que seu ato não foi desonesto. Posteriormente a isso o Jovem disse: - já não basta uma fila preferencial, tratamento diferenciado, cadeiras preferenciais, eles ainda querem se espalhar e causar tumulto.

Fiquei me perguntando após todas as cenas medíocres vistas, se algum dia aquele Jovem e as demais pessoas que o apoiaram iriam ficar velhas, iriam precisar ir ao Banco e seriam tratadas da mesma forma que antes fizeram. Fiquei me perguntando se é realmente necessário ter um fila preferencial para que as pessoas possam ceder suas vagas aqueles mais necessitados. Ou seja, se não tivesse, então os velhinhos esperariam como todos os demais para serem atendidos, por que poucos cederiam passagem, e os que assim fizessem seriam repreendidos por aqueles que não vêem necessidade em tal ato. Fiquei imaginando as milhões de pessoas que necessitam do atendimento preferencial e que muitas vezes tem esse atendimento negligenciado pelas administrações. Tive meus pensamentos interrompidos por uma mulher que vendo a minha indignação com o ocorrido disse: - “o homem não ama mais o seu próximo filho.” Eu então respondi: - “é verdade.”

Mas, parei, pensei e cheguei à conclusão de que não posso generalizar as coisas desta forma, não posso julgar todas as pessoas pelo simples fato de que há algumas que não vêem as demais como seres humanos e que necessitam de respeito e muitas vezes de ajuda. Lembrei que horas antes do ocorrido, estava eu saindo de casa quando me deparei com o menino da tapioca que todas as manhãs acorda o bairro Tucumã vendendo tapioca para ajudar no sustento da família.

Em outras ocasiões eu já havia comprado e sempre paguei a quantia de dois reais, já que era esse o valor que ele havia me informado. Como tinha muitas moedas na carteira e queria me desfazer das mesmas, peguei, contei, vi que o valor era de dois reais e as entreguei na mão do garotinho que logo em seguida me entregou a tapioca.

Ele, com o rosto triste e cansado agradeceu, e eu voltei a caminhar aos afazeres. Após alguns passos escuto uma voz no fundo que diz: - “moço, moço.” logo me pergunto: - será que contei o dinheiro errado? Ta faltando dinheiro? Então ele para ao meu lado e diz: - “não é mais dois reais, é um e cinqüenta.” Me devolvendo 50 centavos ele agradece mais uma vez.

Eu o olho bem no fundo dos olhos dele e naquele momento vi que o ser humano é um ser magnífico, e que nem todas as crueldades que vemos no dia-a-dia condizem com a essência humana que é composta de lealdade, amizade, respeito, moral, dignidade, honestidade, amor e trabalho. Aquele menino tão necessitado, que todas as manhãs acorda muito cedo par ajudar a família no sustento, aquele menino nos ensina que acima de qualquer coisa devemos ser honestos e leais um com os outros, pois isso é amar ao próximo. Eu então disse: “não, fica aí com você, na próxima você me da um desconto combinado?” Ele sorriu se despediu e mal sabia ele que naquele exato momento ele tinha me relembrado algo que eu achei que não existisse mais nas pessoas.

Ao contar o que aconteceu para um amigo ele disse: - “ele só devolveu porque eram 50 centavos.” Eu então disse: - “acho que você está enganado, se fosse uma quantia maior ele teria devolvido.” Se aquele garoto, que sabe que cinqüenta centavos não me fariam nenhuma falta, mesmo assim teve a honestidade de devolvê-los, então se fosse uma quantia maior, e que me faria falta ele teria devolvido da mesma forma.

Mensagem do dia: “Acredite nas pessoas, mesmos que você tenha todos os motivos do mundo para não acreditar.”

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